Biografia
A poeta, contista, tradutora e pesquisadora brasileira, Astrid Cabral Félix de Sousa, nasceu em 1936 em Manaus, Amazonas, uma cidade localizada na confluência do rio Amazonas com o rio Negro. Em sua infância, foi apresentada às lendas e aos imaginários Amazônicos, bem como a flora e fauna únicas dessa região de biodiversidade, habitat de mais de 50% das espécies do planeta.
Cabral graduou-se em Línguas Neolatinas na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e em Literatura Inglesa e Norte Americana no IBEU. Nos anos 1950, Cabral participou do Clube da Madrugada, movimento literário que buscava uma renovação da poesia Amazônica, incorporando elementos do Modernismo e Concretismo brasileiros, o qual foi responsável por um grande reconhecimento da literatura realizada no Norte do país.
No início de sua carreira como professora e pesquisadora acadêmica, Cabral traduziu o trabalho de Henry David Thoreau. Posteriormente, abandonou seu trabalho em protesto à ditadura militar do Brasil, mudou-se para fora do país e ingressou em serviço estrangeiro, porém sempre levou com ela todo o aprendizado e cultura recebidos na Amazônia.
Seu primeiro livro, Alameda (1963), é uma coleção de contos narrados pela perspectiva de diferentes plantas. Seu volume de poesia Jaula (2006), traduzido como Cage (2008) por Alexis Levitin, como o próprio título anuncia, trata da tensa relação que os humanos desenvolveram com os animais. Dentro da diversidade de espécies que o volume retrata, a identificação da voz poética com aquele “outro” não-humano claramente vem à tona. Cabral assume um estilo amplamente sensorial com relação aos aspectos não-humanos à sua volta. Ao criar encontros e envolvimentos entre o homem e o animal, sua poesia explora as fronteiras entre os dois universos, promovendo o reconhecimento da alteridade animal. Suas produções poéticas posteriores, contam com uma ênfase nos cenários Amazônicos, principalmente aqueles presentes em suas memórias da infância e adolescência. Temas como a decadência, a ruína e a perda também aparecem em sua poesia associados à ação do tempo e da natureza. Outros tópicos incluem a violência e a exploração dos recursos naturais, que fazem parte da história de sua terra natal.
Cabral recebeu muitos prêmios. Em 1987, foi contemplada com o Prêmio Olavo Bilac de poesia, Helena Kolody, em 1998, seguido pelo Prêmio Nacional de Poesia da Academia Brasileira de Letras, em 2004, e o Prêmio Troféu Rio de Personalidade Cultural da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, em 2012.
Seus livros incluem: Ponta de cruz: Poemas (1979), Lição de Alice (1986), Intramuros (1998), Jaula (2006), Ante-sala (2007), Palavra na berlinda (2011), entre outros.