Ecopoesia

Embora a natureza sempre esteve presente na literatura como tema, o estudo acadêmico de suas conexões – os estudos literários verdes ou a ecocrítica - só floresceu nos últimos vinte anos. Com o advento do ambientalismo e em paralelo ao interesse acadêmico nele, os poetas contemporâneos abordaram conscientemente questões ecológicas em seu trabalho criativo. Na Europa e na América do Norte, antologias de ecopoesia e trabalhos acadêmicos sobre ecocrítica e ecopoética atestam o crescimento desse campo.

Os escritores latino-americanos e brasileiros também, através de suas palavras e ações, tem mostrado compromisso com o meio ambiente há muito tempo, mas suas contribuições são menos conhecidas. Já em 1985, o poeta mexicano Homero Aridjis convocou com sucesso uma ação contra a poluição do ar e fez lobby para proteger espécies vulneráveis, como tartarugas marinhas e baleias. O ativismo de Aridjis é exemplar, mas sem dúvida sua contribuição mais duradoura - como a de muitos outros ecopoetas da região - reside em suas palavras. De forma indireta, mas vigorosa, sua poesia de cunho ambiental nos ensina sobre a interconexão entre os humanos, outras formas de vida e o meio ambiente. A ecocrítica argumenta de forma convincente que as maneiras como imaginamos a natureza e o meio ambiente conformam nosso relacionamento com eles. A poesia é um meio privilegiado neste processo, por sua capacidade de gerar imagens sugestivas que atingem níveis mais profundos de consciência. Tornar essa poesia amplamente disponível é uma ferramenta inestimável para gerar consciência ambiental.

Ecopoesia.com tem como objetivo levar a poesia de orientação ecológica escrita por renomados latino-americanos e brasileiros, que muitas vezes se acha espalhada em publicações diversas e carece de tradução, para a atenção do público acadêmico e em geral. Como uma ferramenta pedagógica e de pesquisa, este recurso online apresenta notas biográficas, comentários críticos, bibliografias e uma generosa seleção de poemas, tanto no original quanto em tradução. Apresentamos figuras consagradas, como Homero Aridjis, Ernesto Cardenal e José Emilio Pacheco, e vozes menos conhecidas, incluindo Astrid Cabral, Leonardo Fróes e Sérgio Medeiros, destacando suas visões ambientais únicas.

Procuramos mobilizar percepções ambientais de uma região-chave para novos públicos dentro da academia e fora dela. Promovendo poesia que enfatiza a interconexão entre os humanos e a natureza, o projeto desafia o público a repensar nossas responsabilidades com o meio ambiente.