No altar da mesa
o ritual matinal:
leite, manteiga e queijo
celebram com saque e vitória
sobre o bezerro indefeso.
O trigo, ontem livre ao vento
é pão cativo no teu ventre.
O açúcar que te sabe tão doce
é dor de cana cristalizada
em duas ou três colheradas.
E o café aos goles é sangue
que, vampiro, engoles.
Cabral, Astrid. “Café da manhã.” Ponto de cruz. Rio de Janeiro: Livraria Editora Cátedra, 1979. p. 86.