Elicura Chihuailaf nasceu na comunidade indígena Quechurewe, na província de Cautín, Chile, em 1953. Destacado poeta Mapuche, Chihuailaf é neto de caciques e cresceu no ambiente indígena rural rodeado de sua cultura, a qual exerce enorme influência em sua obra. Através de sua escrita bilíngüe (espanhol e mapudungun), o poeta leva a cultura indígena de seu povo adiante, resgatando-a e revisitando-a.

A poesia Mapuche é um fenômeno urbano, já que muitos Mapuches migraram para as cidades, e sua poesia tornou-se um veículo para o projeto de uma restauração imaginativa de sua terra e herança ancestral. Os poetas Mapuches tentam resgatar a memória histórica e a cultura tradicional de seu povo ao escrever e traduzir poesias para o Mapudungun, idioma desse grupo indígena do Chile cujas vozes foram silenciadas devido a uma opressão sistemática. Muitos dos poemas de Chihuailaf são testemunhos de um desejo urgente de habitar metaforicamente a terra, a fim de recuperar não só a presença esquecida ou suprimida de seus ancestrais, mas também a voz da natureza, considerada sagrada na cultura Mapuche, e muitas vezes ameaçadas por projetos industriais em terras tradicionalmente Mapuches. Outras tradições culturais Mapuches presentes na poesia de Chihuailaf são a oralidade, a importância de levar em consideração conselhos dos entes mais velhos, e a relação íntima com a natureza, enfatizada pelo valor dado aos seres não-humanos e mais que humanos.

Reconhecido dentro e fora do Chile, Chihuailaf tem obras traduzidas para diversos idiomas, tais como alemão, francês, húngaro, inglês e sueco. Além disso, o poeta recebeu o Prêmio Nacional do Livro e da Leitura por De sueños azules contrasueños, em 1994, o Prêmio Municipal de Literatura de Santiago, em 1997, o Prêmio de melhor obra literária por Recado Confidencial a los Chilenos, em 2000, e o Premio Nacional de Poesia Jorge Teiller, em 2014, o qual foi de extrema importância para a divulgação da cultura Mapuche no mundo literário.