Ecopoesia

Régis Bonvicino

Biografia

Regis Rodrigues Bonvicino fez parte de uma geração de poetas brasileiros que surgiu com o declínio da poesia concreta e início do Tropicalismo, nos anos 1970, atingindo a maioridade nos anos 1980 e 1990. Nascido em 25 de fevereiro de 1955, na megalópole global de São Paulo, Brasil, Bonvicino frequentemente escreve sobre a condição urbana contemporânea. Ele recorda a liberdade que ele desfrutava enquanto crescia em uma São Paulo grande e ainda civilizada, onde era possível jogar futebol nas ruas e andar de forma segura pelos bairros. Em 1978, formou-se em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, trabalha como juiz.

Muitas vezes alvo de críticas polêmicas, Bonvicino se vê como um não-conformista que contesta as relações de poder no cenário da poesia, o qual ele considera insular e fechado. Embora tenha recebido poucos prêmios em seu país, Bonvicino é um dos poucos poetas contemporâneos brasileiros que teve sua obra traduzida e publicada fora do país, e que conquistou uma reputação internacional. Bonvicino iniciou sua atividade de escrita em 1975, no Jornal do Arena, e logo se interessou por poesia, colaborando com Augusto de Campos e outros membros do movimento concretista no jornal Poesiaem G, na metade dos anos 1970.

O autor lançou seu primeiro volume de poesia auto publicado, Bicho papel (1974), em uma modesta edição de 300 cópias. Mais trabalhos surgiram logo depois: Régis Hotel, em 1978, no qual ele experimentou temas como música pop, humor, tirinhas e gírias. Sua próxima coleção, 33 poemas (1990) revela um afastamento das publicações anteriores de Bonvicino e um foco em observações do mundo natural, ainda que a cidade permaneça presente de formas inesperadas. O livro rendeu a Bonvicino o prestigioso Prêmio Jabuti em 1991. Em Ossos de borboleta (1996), o sentimento é muito mais contemplativo e menos animado que nos trabalhos anteriores. Em suas concisões e brevidades – imagens esboçadas em poucas palavras – esses textos remontam o haiku e à estética minimalista, enquanto equilibram tematicamente observações diretas da natureza em um ambiente urbano com reflexões filosóficas mais abstratas.

Bonvicino também tem sido produtivo como poeta desde a virada do século. Suas coleções incluem Remorso do cosmos (de ter vindo ao sol): Junho de 1999-Abril de 2003 (2003), nas quais imagens e linguagem da mídia e uma consciência das ameaças globais colidem com representações arenosas da vida urbana em São Paulo. Aspectos e objetos presentes na paisagem (urbana), incluindo lixo, são tratados como produtos do mesmo capitalismo que nos deu a indústria de entretenimento e as commodities que nós, extaticamente, consumimos e, posteriormente, descartamos de maneira ordenada e “racional”.

Em Página órfã (2007), “lixo” e palavras relacionadas aparecem pelo menos 21 vezes, e são metonimicamente associadas à pobreza, aos mendigos e aos sem-teto que vivem em meio ao lixo, fazendo dele sua casa, seu meio-ambiente. Em De manhã e Moradores, mendigos promulgam uma ética de cuidados ao organizar o lixo, separando as coisas inúteis das úteis, reaproveitando o que foi descartado para construir um lugar habitável, mesmo que estejam expostos à poluição urbana. 

Beyond the Wall: New Selected Poems, a segunda tradução inglesa do trabalho de Bonvicino recebeu avaliações cuidadosas. Marcelo Lotufo, ao escrever para Brasil/Brazil (2017), notou que nessa coleção “Bonvincino nos lembra que tudo que é sólido ainda derrete no ar, e que capitalismo ainda é capitalismo, construído com base em falsas crenças, desigualdades e crimes ambientais.”

Seu site: http://www.regisbonvicino.com.br/

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