Ecopoesia

Ernesto Cardenal

Biografia

 

Nascido na cidade provincial de Granada no ano de 1925, o poeta e sacerdote Ernesto Cardenal foi um importante intelectual, que liderou na Nicarágua atos revolucionários em defesa da Teologia da Libertação, um movimento cristão com princípios marxistas de justiça social. Ele fez recitais que fundiram a sua expressão poética ao discurso político e religioso na Europa e na América Latina. Seu trabalho como escritor ativista foi reconhecido internacionalmente: recebeu a nomeação ao Prêmio Nobel de Literatura quatro vezes e ganhou o Prêmio Reina Sofia de Poesia Ibero-Americana em 2012.

Cardenal passou sua infância em León, uma cidade universitária de Nicarágua, e começou a se interessar pela poesia desde essa altura. Entre os anos de 1943 e 1947, se mudou para a Cidade do México para estudar na Universidade Nacional Autónoma do México e foi nesse período que ele publicou seu primeiro livro de poemas: La ciudad deshabitada (1946). Nos anos seguintes, Cardenal estudou na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e escreveu alguns de seus principais trabalhos, incluindo o longo poema “Raleigh”, que aborda a história do continente americano antes da colonização europeia. 

A sua poética foi reconhecida pela fusão de tópicos diversos, como política, religião, natureza e ciência. A sua crença religiosa é incorporada nos versos através de elementos da natureza e do cosmos, criando uma relação de interdependência entre o humano e o místico. De forma geral, o escritor usou da poesia para conectar seus diversos interesses e compromissos, tendo um grande impacto na poesia latino-americana. 

Cardenal dividiu sua vida de escritor com a de sacerdote e político, ao ser ordenado sacerdote em 1965 e ser escolhido como Ministro da Cultura da Nicarágua em 1979. Porém, mesmo quando não podia se dedicar à escrita, fazia questão de incentivar a literatura no arquipélago de Solentiname, localizado no lago Nicarágua, onde fundou uma comunidade de fazendeiros e pescadores e escreveu El evangelio de de Solentiname (1975-77).

Nos últimos anos de sua vida, Cardenal publicou mais duas novas coleções de poesia: Así en la Tierra como en el Cielo (2018) e Hijos de las estrellas (2019). Um ano depois de sua última publicação, no dia 1 de março de 2020, o escritor foi vítima de insuficiência cardíaca e renal aos 95 anos em Manágua. Mesmo após a sua morte, a comunidade criada em Solentiname continua produzindo pinturas de elementos da natureza que cercam seu cotidiano e que apareceram na poesia de seu fundador.

Créditos da foto:

Autor: Jorge Mejía Peralta

Licenciado por Creative Commons (CC BY 2.0). Imagem adaptada.

Recursos Relacionados