O dia um sol
de filamentos metálicos.
Nenhum fiapo
(passos desolados)
ou esgarço de sol
sobre o meio-fio.
O fulgor quebradiço
de ocres e sienas
em teu rosto avesso (vento
em remoinho, secor de deserto)
sem olhar pra trás.
*
Matrizes, cinzas, do negro
ao gris. Lumina em breu (Alguém
ao longe) tua noite insone. No lixo
um peixe perde as escamas
— (entre a fuligem) jornais de ontem.
negrume e prata, as nódoas podres —
vendo o sol sobre nuvens.
(vendo o sol sobre nuvens.)
Baptista, Josely Vianna. “Fragmentos de uma renga”. Sol sobre nuvens. São Paulo: Perspectiva, 2007. p. 114.