Havia quatro ou cinco bacias grandes no fundo do horto. O horto era a “floresta”.
Um adolescente sentou-se numa das bacias. Tartaruga deitada de costas no chão do horto. Movia os braços e as pernas sem muito empenho e observava os galhos e as folhas.
Certos galhos pareciam garras e as árvores queriam levantá-lo do chão. Viam-no decerto como uma tartaruga prostrada. Não soube precisar se estavam penalizadas.
Tentou sair da bacia mas não conseguiu. A bacia girou no chão. A bacia e seu ocupante flutuaram no ar.
Os membros estavam adormecidos. Os olhos permaneceram abertos.
As árvores ululavam.
Medeiros, Sérgio. "Sexo Vegetal". São Paulo: Editora Iluminaturas, 2009. p. 70