Ecopoesia

Canto de caça às antas

Sérgio Medeiros

Voz dos caçadores:

 

Que lindas as antas!

Que lindas patas!

Que lindos quartos!

Que linda fronte!

Que lindo dorso!

Que lindas unhas!

Que lindo peito!

Que lindos lábios!

Que linda orelha!

Que linda cabeça de anta!

 

[...]

 

Viva! Olá, antas, chegamos.

Viva! Olá, grande anta, chegamos.

Viva! Olá, dona anta, chegamos.

Viva! Olá, seu anta, chegamos.

Viva! Olá, cria que mama, chegamos.

Viva! Olá, grande anta, chegamos.

Viva! Olá, cria a bradar, chegamos.

Viva! Olá, antas juntinhas, chegamos.

 

[...]

 

Voz das antas:

 

Sou a anta: meu choro está nas cores do caçador.

Sou a anta: meu choro está no enfeite do caçador.

Sou a anta: meu choro está nas cores vermelhas do caçador.

Sou a anta: meu choro está na branca penugem do caçador.

Sou a anta: meu choro está nas penas do caçador.

Sou a anta: meu choro está no colar do caçador.

Sou a anta: meu choro está na coroa do caçador.

Sou a anta: meu choro está nos cabelos presos do caçador.

 

As flechas dele são tão belas como um dourado.

As flechas dele são tão belas como uma flor.

As flechas dele são tão belas como uma arara.

As flechas dele são tão belas como um gavião.

As flechas dele são tão belas como um gavião.

As flechas dele são tão belas como um gavião.

As flechas dele são tão belas como uma cascavel.

As flechas dele são tão belas como um gavião.

 

[...]

 

 

 

Medeiros, Sérgio. “Canto de caça às antas.” O choro da aranha etc. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2013. pp. 86-87.




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